Mãe!
Agarro-me à hora que passa e faço
tua
minha flauta e meu verso! Tomaste os frutos acuçarados
e
deste forma a teus filhos!
Agarro-me
à hora que fica e muito tenho
de
ti. No teu regaço dormiram poetas, operários, estudantes,
mestres, crianças!! Neles esgotaram teu carinho tua
virtude,
tua inocência.
Mãe,
é simples falar de ti e gozar da
tua
presença que fica mesmo que tu tenhas a ninar sonhos
de
anjos.
Disse
um dia um poeta que, para ser
grande,
tem-se que ser inteiro, nada se deve exagerar ou
excluir.
Tu és o todo em cada coisa.
Pões
o quanto és no mínimo que fazes!
Mãe,
recebe hoje a nossa homenagem, mãe que canta ao portão
para que o filho na madrugada não sinta o medo, o caminho
do trabalho. Mãe que reflete no brilho da marmita
espelhada.
Mãe que cose a roupa de seu filho e lhe devolve
o mesmo sorriso incorrigível de complacência.
É
de ti, mãe, que hoje queremos falar, é
dos
teus gerânios na janela, é dos sóis que se dissolvem
em
flores, ocultando as tuas lágrimas e aquecendo o peito
do
teu filho.
Hoje,
busquei onde agradar-te e apenas
encontrei
isto:
Onde
estiveres, em que pese à vida ou à
morte,
possas ter o melhor de teus agrados
-
O Sorriso de Teu Filho.
(autor
provável: Vinícius de Moraes)
Guardo
esses versos há bastante tempo na memória. Gravados num folder (que
se perdeu), presente de meu pai, quando chegava de Barbacena a
Carandaí, num dia de compra (Antigamente o pessoal da cidade de
Carandaí se deslocava de trem a Barbacena, para fazer suas compras -
quando havia galos, noite e quintais... e também trem de
passageiros...) .
O
poema original estava Ilustrado por uma mulher de longos cabelos com
cachos de ouro, com os quais brincava o bebê ao colo...
O
folder já se perdeu, não achei qualquer referência ao poema na
internet, e , hoje, remexendo na minha papelada, encontrei duas
cópias do texto. A autoria provável é de Vinícius de Moraes -
aceito retificação ou confirmação da identidade do autor aos
prestimosos passantes.
Nesse
poema talvez a gênese de meu querer poético, de alguma forma
explícito na história e na vida da minha própria MADONA.
(Paulo
Rogério)