Ó minha mãe, na tua casa os ninos
Não precisam chorar para afagá-los;
O teu colo de flor adocicada
Nos alivia as nossas enxaquecas...
Daquele chão de argila modelando
Nosso rostinho mudo as mãos macias...
Nossos trajos tão pobres, tu os cosias
Com toda a prestitude de teus dedos...
Ó minha mãe, na luz das madrugadas
Do caritó dos velos de tua alma
Dormiram na saudade mil poetas...
O mundo aqui revolta e nos vulnera...
Devolvo um doce olhar para tanto afeto,
Pensando as chagas de uma escultura...
(Minha mãe: 79 anos; 3 mães; 12 filhos; uma vida, um livro a cada dia)